Onde estão suas estradas?

Quando tinha 28 anos eu descobri meu gosto por aventura, viagens e experiências. Fiquei 35 dias fora do país, por minha conta e risco. Eu, minha mochila e Deus. Foi um marco para mim.
Eu contava dois anos de emprego, estava conseguindo me bancar e me matriculei num
curso intensivo de inglês para negócios, aproveitando parte do tempo para rodar
sozinha por ontem eu estava.

Em momento algum eu senti medo ou fiquei apreensiva. Era comum encontrar pessoas,
geralmente mais velhas, que se admiravam e me davam conselhos para me resguardar
durante a viagem.

Tomei precauções como, viajar em trens diurnos, ficar muito atenta aos pertences, não
ficar dando sopa em qualquer lugar até tarde da noite e pedir muitas informações nos
hotéis em eu me hospedava (na época só existia e-mail e ainda era um luxo!).
Na cidade onde fiz o curso, fui hospedada na casa do Jim e da Mary, um casal de
aposentados incríveis. Além de mim, tinha uma colega japonesa, Ikumi, em outro
quarto.

Depois do jantar, que contava com uma boa dose de formalidade inglesa, o Jim, nos
convidava para a sala onde ele nos servia um brandy ou vinho Madeira e contava piadas
ótimas. Ali, percebi que puxar uma boa conversa é uma arte! Ele era craque!
Transformava as coisas mais corriqueiras em assuntos interessantíssimos.

Além de conviver com eles, pude conviver com seus dois netos Molly e Liam, com a
Ikumi e pessoas de diversas nacionalidades no curso, entre elas a June, de Hong Kong
Eu e ela andávamos para todo lado juntas.

Foi uma experiência inesquecível. Mas não teria sido se eu não tivesse convivido com o
Jim e Mary.

O dia da despedida foi um dos dias mais marcantes da minha vida. Eu, que nunca fui
muito de me importar com despedidas, me vi com um nó na garganta e com os olhos
cheios de lágrimas dentro do táxi que me levaria até a estação. Confesso que chorei.
Ainda sinto isso hoje com uma boa dose de saudade.

Me lembro vivamente do Jim e da Mary com o buquê de flores que eu a dei, na porta
de casa acenando e dos abraços gostosos que trocamos.

Infelizmente eles não estão mais aqui, mas deixaram comigo uma das memórias mais
queridas.

Por um bom tempo me esqueci dessa e outras tantas experiências que eu vivi. Ainda
bem que a vida me concedeu a oportunidade de resgatar boas memórias.
Contei tudo isso, porque me deu muita vontade de registrar com a escrita e para
mencionar algumas (re) descobertas importantes.

Não faz muito tempo, descobri que meu valor mais importante é a liberdade.
Eu sinto uma satisfação quase palpável está quando revivo viagens e experiências que aliam
aprendizado, novidade e exploração.

Em nome de tantas outras coisas que me pareceram importantes em épocas diferentes,
me perdi e pensar, escolher e viver livremente ficaram em segundo plano.

Aquela mulher exploradora que saiu de mochila sozinha sem medo de algum de viagens e experiências, está bem viva aqui, só precisava que eu mesma revirasse o baú com cuidado e generosidade para tirá-la para fora.
Coloquei a mochila de volta nas costas- essa mochila é leve e boa de carregar- e nunca
estive tão pronta para retomar meu caminho.

Fique atenta ao que importa para você, não se negligencie, não se ignore. Sempre é
tempo para se enxergar.

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Ana Laura Freitas

Minha primeira graduação foi em Administração com ênfase em Comércio Exterior. Iniciei minha carreira trabalhando com exportação e um ano depois, eu estava atuando em finanças internacionais, numa grande empresa do cenário nacional.

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