Você está ciente dos seus preconceitos?

Quando eu voltei para a faculdade para estudar psicologia me deparei com uma série de situações totalmente novas para mim.

Vamos começar pelo fato de que eu era uma mulher de 45, quase 46 anos voltando a estudar num ambiente onde a maioria dos estudantes estava na casa dos vinte.

Eu tinha certeza de que seria um grande desafio ter que lidar com tanta gente nova e imaginei que a minha paciência ia ser testada o tempo todo, que eu teria que lidar com falta de compromisso, com problemas de comunicação, com falta de respeito, desinteresse etc.

Nos primeiros dias eu fui acolhida por uma turma bem mais nova que eu e tratada por eles de igual para igual. Em momento algum eles deixaram de ser quem eram, deixavam de se comunicar da maneira que eles faziam porque eu, uma mulher mais velha estava ali. Eu tinha em mente que a minha presença pudesse constrangê-los de alguma forma. Nada a ver! Tudo fluía muito bem!

Ninguém me tratou como a tia que tinha perdido o bonde, pelo contrário, em pouco tempo eu já estava me sentindo perfeitamente incluída pelos meus colegas que podiam ser meus filhos.

Muitos trabalhos em grupo, provas e debates depois eu percebi que eu tinha um monte de preconceitos sobre como uma relação entre pessoas mais velhas, sêniores e mais jovens deveria ser, que a minha ideia sobre isso era completamente equivocada e ultrapassada.

Eu estava começando para uma experiência totalmente nova para mim e tinha levando um monte de ideias pré-concebidas que nem sequer eram minhas, eu estava reproduzindo o que vi as pessoas fazendo e dizendo ao longo da vida.

Eu pensei que tudo que diziam por aí sobre jovens e pessoas sêniores era verdade, e o pior, tinha aquela ideia de que a gente, que é mais velha, tem que ensinar, o que não deixa de ser algo arrogante. Além disso, essa ideia de que eu tinha que ter alguma coisa além para mostrar era um motivo de estresse para mim.

Para neutralizar esse estresse eu tratei de analisar a situação e logo entendi que todos estavam ali com um único propósito que era aprender e que eu não iria perder isso por nada!

Eu estava tendo a oportunidade da minha vida de viver uma situação em que eu poderia desenvolver uma atitude de aprendizado totalmente consciente e tratei de me colocar nesse lugar de aprendiz em cada momento. Mas para isso, eu tive que deixar aquelas ideias pré-concebidas, ou melhor, preconceituosas para trás.

Essa decisão exigiu de mim uma postura aberta e à medida que as coisas iam acontecendo, eu percebi que via uma série de coisas através de vieses, mas, eu estava disposta a deixar que cada um deles fosse desafiado e derrubado.

 Ao longo do curso, eu pude experimentar coleguismo e respeito que até então eu não havia experimentado.  Eu aprendi demais com cada jovem colega com quem tive a oportunidade de interagir, pude somar uma série de competências que só essa convivência pôde me proporcionar.

Eu diria que o meu maior ganho foi ter podido confrontar meus próprios preconceitos e mudar completamente a maneira de lidar comigo mesma em primeiro lugar.

Ao reconhecer que eu também posso ter preconceitos, eu pude corrigir minha maneira de pensar e desenvolvi um senso de percepção mais sensível em relação às outras pessoas, me tornando capaz de localizar e entender os seus vieses e ajudá-las a desafiá-los.

Além disso passei a usar a frase “eu também pensava assim” em minhas conversas e quando passamos a dizer essa frase, podemos ter certeza de que o aprendizado cumpriu com seu papel e mudou nosso comportamento para melhor.

Isso não tem preço!

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Ana Laura Freitas

Minha primeira graduação foi em Administração com ênfase em Comércio Exterior. Iniciei minha carreira trabalhando com exportação e um ano depois, eu estava atuando em finanças internacionais, numa grande empresa do cenário nacional.

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