No que você pensa quando ouve ou lê termos como melhor versão, super profissional, profissional do futuro, alta performance e tantos outros do gênero?
Eu não sei você, mas eu tenho muita preguiça desse termos que viram jargões ou adjetivos vazios para nos assombrarem por tempo indefinido.
Mas essa não é uma preguiça gratuita e vou te explicar o porquê.
A linguagem sustenta as narrativas que reproduzimos
A linguagem a qual estamos expostos todos os dias sustenta as narrativas que reproduzimos.
Especialmente no mundo corporativo, esses jargões estão totalmente atrelados às ideias e porque não dizer aos desejos e inquietações que elas nos despertam.
Quem nunca ouviu um “seja a sua melhor versão” na vida e não sentiu um desejo de mudar algo, que atire a primeira pedra.
Até aí tudo bem, mas essa relação tem um potencial enorme para se sofisticar e se intensificar se tornando um problema para muita gente.
Fica sério mesmo porque as ideias representadas por esses termos reforçam a nossa percepção de que somos projetos que precisam ser aperfeiçoados.
Que a imperfeição natural de todos os humanos é indesejada e precisa de conserto a todo custo.
Precisamos parar de acreditar nisso! Sabe porquê?
Porque isso significa negar a nossa humanidade, a nossa essência e nada pode mudar o fato de que somos todos seres humanos cheios de defeitos.
Portanto a atitude saudável é aceitar isso.
Se não entendemos isso numa dimensão que transforme nossa percepção do humano, acabamos em um campo de batalha lutando constantemente por perfeição.
Isso é um prato cheio para que a insatisfação e insegurança alcance contornos preocupantes, o que só tende a se potencializar num mundo onde estamos constantemente em contato com as tecnologias que digitalizam cada vez mais as nossas relações intra e interpessoais.
Esse mundo digitalizado nos deixa famintos de nós mesmos e se a gente não tiver a sensibilidade para perceber isso e voltar para o eixo, acaba malnutrido e cada vez mais vulnerável às necessidades criadas nesse ambiente que na maioria das vezes a gente nem sabe que não são nossas.
Os profissionais da saúde mental nas redes sociais
É um desafio para qualquer pessoa lidar com tudo isso sem esquecer que as redes sociais mostram apenas recortes independente do que vemos, e isso não é em nada diferente para quem, como eu, está diretamente envolvido com a promoção da saúde mental e do bem-estar.
Os profissionais da saúde mental precisam afiar seus sentidos para não serem seduzidos pelo canto da sereia.
Precisamos ter uma relação com o mundo digital que nos permita conhecer, usufruir e ao mesmo tempo sermos críticos em relação a ele.
Assim poderemos construir espaços saudáveis e de acolhimento aos outros, com informação responsável e comprometida com a ética e a ciência dentro das próprias redes sociais.
Aprenda a pedir ajuda
As pessoas que têm ou tiveram a crença de que precisam ser profissionais “de alta performance” têm dificuldade para perceber que precisam de ajuda, pois, acreditam na necessidade de serem autosuficientes, mesmo que isso lhes cause um enorme sofrimento.
É preciso desistir dessa ideia, porque isso é outro absurdo que só serve para te distanciar do que você tem de melhor, dificultando muito as suas relações com as pessoas.
Aprender a pedir ajuda vai exigir que você se desfaça de anos de condicionamento que te levaram a acreditar que isso é um sinal de fraqueza e motivo de vergonha.
Tente primeiro com pequenas coisas e, pense nesses pedidos como exercícios de autocompaixão.
Você vai se sentir constrangido algumas vezes, mas vai acabar se acostumando.
Se eu consigo, você também consegue.
Vai por mim! Você não imagina como eu sei do que estou falando!
Até mais,
Ana Laura