Como ir na direção do que me importa?

Na nossa sociedade constantemente em crise, ser capaz de construir flexibilidade psicológica é mais importante que nunca, pois ela nos ajuda a transcender abordagens comportamentais rasas e ineficazes.

Há momentos em nossas vidas em que nos sentimos perdidos e sem direção e a melhor maneira de lidar com isso é buscando a liberação emocional que nos permite contornar a autolimitação para irmos em direção à autoconsciência e ações autoafirmativas.

Passamos as nossas vidas evitando os pensamentos e sentimentos que nos causam dor, mas quando entendemos que as coisas que nos causam dor nos sinalizam o que é importante para nós, nos sentimos motivados para nos aprofundarmos no conhecimento de nossas emoções e sentimentos mais incômodos.

Quando aprendemos a flexibilidade psicológica podemos dar sentido ao que vivemos, pois construímos novas narrativas que façam sentido para nós e nos impulsionam e isso se aplica a todas as áreas de nossas vidas, especialmente às nossas carreiras.

A maioria de nós está atualizando os currículos à medida que adquirimos novos conhecimento, habilidades etc. Numa seleção, podem ficar impressionados com uma certificação rigorosa que obtivemos, um curso importante, ou ficarem interessados em nossa experiência na área. Nesta fase do desenvolvimento da nossa carreira, geralmente sabemos o que destacar é o que minimizar e isso é realmente importante.

No entanto, minha experiência organizacional me ensinou que mesmo pessoas inteligentes e capazes tendem a ser menos hábeis em atualizar suas narrativas de carreira, ou seja, as histórias que elas se contam sobre si mesmas em relação à sua capacidade.

É preciso estar atento ao fato de que as histórias que contamos a nós mesmos podem nos impulsionar ou nos atrapalhar e aprender a analisá-las para
(re) construir narrativas que nos ajudem a ir na direção que queremos seguir.

Nessa semana li um caso interessante sobre uma pessoa que estava na fila para uma promoção que mudaria sua vida. Ela percebeu que algo estava acontecendo, pois, o seu diretor passou a tratá-la de maneira diferente e algumas vezes, ele parava de falar quando ela entrava na sala. Como essa pessoa era viciada em sua própria insegurança, ela acreditou na narrativa que ela contou a si mesma durante toda sua vida de que só poderia estar para acontecer algo de muito ruim e que ela estava destinada ao fracasso, chegando à conclusão de que estava para ser demitida. Assim, ela se retraiu no escritório, deixou de contribuir e se comportou de forma muito negativa. Com o tempo suas atitudes fizeram com que seu medo se cumprisse e ela foi demitida, pois os seus supervisores se sentiram frustrados com sua atitude. 

Esta história ilustra o poder das narrativas que temos o hábito de criar e às quais nos agarramos grande parte de nossas vidas. Essas narrativas refletem a maneira como nos vemos, nos percebemos merecedores ou não do que almejamos.

As lideranças da pessoa da história ficaram realmente impressionadas com seu talento, ética e comprometimento no trabalho, mas a narrativa que ela contou a si mesma afirmava que ela não era boa o suficiente para a promoção.

Quando essa narrativa veio à tona, trouxe sérias consequências, fazendo com que essa pessoa agisse para não receber a promoção. Se o personagem da história acreditasse que era realmente capaz e tivesse tido confiança para perguntar para a sua liderança o que estava acontecendo, ou optasse por continuar contribuindo – um de seus principais valores – ela teria sido promovida.

Muitos de nós já passamos por situações semelhantes. Somos fisgados pelo que já estamos acostumados e parece mais confortável. A biologia é em parte responsável por isso, pois nossos cérebros são programados para ver a mudança como inerentemente insegura. Esse fato tem sido confirmado por estudos que nos mostram que pessoas com baixa autoestima tendem a deixar as empresas quando recebem uma promoção, porque a promoção é incongruente com as histórias que eles contam a si mesmas.

Então, hoje, eu te encorajo a pensar sobre quais de suas narrativas podem ser atualizadas. A dar valor a sua flexibilidade psicológica. A sua insegurança está te impedindo de construir novos projetos? Sua autoimagem como alguém reservado te impede de mostrar mais as suas habilidades no escritório? A ideia de que você é alguém “dos bastidores” te impede de receber o crédito que é seu? Este tipo de reflexão vai te ajudar a colocar seus valores na frente do desejo inato de se manter confortável. Ao atualizar as narrativas que você conta para si mesmo, você pode começar a viver seu potencial em sua total extensão.

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Desafios profissionais

Ana Laura Freitas

Minha primeira graduação foi em Administração com ênfase em Comércio Exterior. Iniciei minha carreira trabalhando com exportação e um ano depois, eu estava atuando em finanças internacionais, numa grande empresa do cenário nacional.

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