Gestão das emoções no ambiente corporativo: o movimento é de dentro
para fora

Antes da pandemia, em 2019, a OMS publicou uma pesquisa cujos índices
alarmantes de adoecimento mental estavam relacionados com os ambientes de
trabalho não seguros.
A partir de então inúmeros estudos têm sido feitos sobre isso e suas
conclusões apontam para a importância do desenvolvimento de lideranças que
tenham capacidade de gestão das emoções, pois isso coopera para a
construção de ambientes seguros para se trabalhar.
Um ambiente seguro valoriza a humanidade das pessoas, faz com que elas se
importem umas com as outras, cultiva a busca por sentido, a autonomia e a
competência, pois é isso que faz as organizações prosperarem. Nesses
ambientes as pessoas reconhecem seu papel no trabalho, se sentem
valorizadas não somente pela função que exercem e o resultado disso é
comprometimento e engajamento.
No entanto, segundo a Dra. Susan David, psicóloga sul-africana e
pesquisadora da Universidade de Harvard, comprometimento e engajamento
não deveriam estar em descrições de cargo, não podem ser exigidos pelas
organizações, pois devem ser resultado de uma relação em que o trabalhador
se sente valorizado pela organização. Para alcançar um nível satisfatório de
comprometimento e engajamento de seus colaboradores, as empresas devem
garantir o desenvolvimento de lideranças eficientes quanto à gestão das
emoções, pois são elas que promovem a construção dos ambientes seguros.
Tendo em vista que o impacto da pandemia do coronavírus potencializou o
surgimento de problemas mentais na população mundial, as habilidades
emocionais, ou soft skills, passaram a ser consideradas por entidades como o
Fórum Econômico Mundial, como as habilidades do futuro.
Sendo assim, atualmente pode-se observar um movimento de resgate do
componente que nos faz humanos para dentro das organizações e dos
negócios: as emoções.
Afinal, depois de um longo período em que elas foram consideradas
indesejáveis no mundo corporativo, retornam para ser muito mais que um
contraponto nas relações de trabalho do mundo digitalizado, mas o pilar sobre

o qual se constrói o ambiente que assegura o bom resultado e boa imagem das
organizações no mercado.
Assim, se torna crucial que as lideranças sejam capazes de fazer a sua gestão.
Mas para que o líder faça a gestão das emoções com eficiência, ele deve,
primeiramente, saber lidar com suas próprias emoções, o que não tem nada a
ver com suprimi-las, mas com a capacidade de reconhecê-las como
importantes informações sobre si mesmo.
É aqui que está o pulo do gato da gestão das emoções no ambiente
organizacional.
O líder deve desenvolver a capacidade de reconhecer as suas próprias
emoções e de regulá-las de forma saudável, para que isso se torne parte de
seu estilo de liderança e se estenda naturalmente para sua equipe.
Saber interpretar dados continua sendo muito importante, mas nunca foi tão
fundamental investir na difícil tarefa de desenvolver relações saudáveis com as
pessoas e para fazer isso de forma satisfatória é preciso aprender a interpretar
e gerir as próprias emoções.
É preciso enfatizar que ao falarmos de emoções no ambiente corporativo, não
se deve pensar em permissividade ou em bondade excessiva, mas, na
capacidade de reconhecer as suas próprias emoções, acolhê-las e lidar com
elas de forma realista, o que acaba por lhe conferir segurança para ser firme
quando necessário.
Diante de tantas responsabilidades atribuídas ao líder vem a pergunta: quem
cuida de sua saúde mental?
Ao aprender a lidar com suas próprias emoções, se reconhecer como pessoa,
aceitar as próprias vulnerabilidades, buscar compreendê-las, acolher suas
necessidades, se manter aberto, desafiar sua rigidez, você legitima seu direito
à humanidade e isso representa a base para a construção de um estilo de vida
saudável que será transportado naturalmente para seu estilo de liderança.
Busque se conectar e se relacionar bem com você em primeiro lugar. Tudo
começa quando você decide se ouvir. Tenha um bom relacionamento
intrapessoal.
Entenda, líder: o movimento é de dentro para fora.

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gestão de emoções

Ana Laura Freitas

Minha primeira graduação foi em Administração com ênfase em Comércio Exterior. Iniciei minha carreira trabalhando com exportação e um ano depois, eu estava atuando em finanças internacionais, numa grande empresa do cenário nacional.

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