Valores pessoais, bem-estar e saúde mental

Afinal o que são valores? Há inúmeras definições para valores, mas a que eu gosto mais os trata como direções que escolhemos para nossas vidas.

Podemos acrescentar que os valores são as coisas que são importantes para nós e que nos dão senso de propósito, nos falam a respeito da pessoa que queremos ser, sobre as causas que acreditamos, as qualidades pessoais que queremos cultivar.

Há duas características nos valores que são primordiais para sua definição, uma é que são escolhas pessoais e outra é que eles nos apontam a direção para a qual devemos caminhar e não o destino em que queremos chegar.

Agir de acordo com nossos valores nos traz um senso de significado ou sentido, vitalidade e preenchimento.

É importante diferenciar valores pessoais dos valores morais e éticos, que tendem a ser construídos socialmente e embora sejam assimilados por nós, eles estão localizados fora do nosso “eu”. Devemos considerar também que quando tratamos de moral e ética, as coisas tendem a ser mais rígidas, certas ou erradas, boas ou ruins.

Os valores não são nossos objetivos, mas devem ser usados como uma ferramenta que nos guia para que vivamos alinhados com eles.

Os valores são uma ferramenta muito eficaz para nos levar em direção aos nossos objetivos. Podemos pensar nos valores como uma bússola que nos orienta quanto a direção que devemos seguir para não nos perdemos na nossa jornada.

É importante lembrar que se em algum ponto sacrificamos nossos valores em nome de um objetivo, ele não trará satisfação quando alcançado.

Quando nossos objetivos são escolhidos de acordo com os nossos valores, temos uma caminhada mais significativa, pois eles nos colocam na direção que queremos seguir.

A filosofia clássica ilustra isso de maneira bem interessante através dos conceitos de eudaimonia e hedonia.

A filosofia grega antiga fazia uma distinção entre o bem-estar psicológico e o prazer em si. O primeiro, chamado de eudaimonia, tem um caráter que vem do florescimento que encontramos em atividades como aprender coisas novas, vencer desafios, pertencimento, da vida com propósito e crescimento pessoal e o segundo, hedonia, é o prazer cuja satisfação não transcende o momento no qual o experimentamos.

Podemos dizer que uma vida alinhada aos valores promove o bem-estar de longo prazo com caráter de sentido ou significado, que encontramos no conceito de eudaimonia.

Portanto, é perfeitamente possível afirmar que viver de forma alinhada aos valores, promove o bem-estar e a boa saúde mental, pois tal atitude está diretamente relacionada com o aumento de nossa autoconfiança.

Se os valores são a bússola que usamos para nos mostrar a direção que devemos tomar em nossas vidas, as nossas ações alinhadas com eles são o veículo que nos levará para percorrer a estrada para fazermos com que nossos valores deixem de ser apenas intenções para se tornarem experiências reais.

O pulo do gato em relação aos valores é entendê-los de acordo com a frase do Guimarães Rosa: “O real não está no início nem no fim, ele se mostra pra gente é no meio da travessia”, ou seja, ao viver tendo como base os valores pessoais experimentamos o sentido ao longo da caminhada, não somente quando alcançamos os objetivos.

Tendo isso em mente, devemos ajustar o conceito que temos de sucesso que está ligado a variáveis sobre as quais não temos controle, para o processo em que nossas ações estando alinhadas conscientemente aos nossos valores nos dá senso de propósito e autonomia. Assim, passamos a perceber um crescimento contínuo em nossa caminhada.

Ao optarmos por agirmos alinhados aos nossos valores, experimentamos um fortalecimento que nos coloca em contato com os desconfortos naturais do processo de crescimento sem evitá-los ou fugir deles. Portanto, podemos aprender a nos autovalidar e a retornar aos nossos princípios se nos distanciamos da rota.

Não apenas isso, mas essa conduta constrói um senso de resiliência, uma consciência de que mesmo os problemas recorrentes podem se acomodar à medida que temos oportunidade de aprender, crescer e nos mover continuamente em direção aos nossos princípios.

Referência:

Oliver, J., Hill, J.; Morris, E. (2015). A

CTivate Your Life: Using Acceptance and Mindfullness to Build a Life that is Rich, Fulfilling and Fun. London: Constable & Robinson.

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homem caminhando numa trilha na montanha

Ana Laura Freitas

Minha primeira graduação foi em Administração com ênfase em Comércio Exterior. Iniciei minha carreira trabalhando com exportação e um ano depois, eu estava atuando em finanças internacionais, numa grande empresa do cenário nacional.

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