Quiet quitting: um recado para os líderes seniores, que está relacionado com o etarismo e o futuro intergeracional do trabalho

 

Sabemos que o “quiet quitting” é um novo termo nos EUA para designar o movimento que geração Z está fazendo para demonstrar sua insatisfação com o trabalho. 

Mas na verdade, o conceito não é novo, trata-se da velha desmotivação, que pode levar qualquer profissional a uma demissão silenciosa, independente da faixa etária.

Para começar nossa conversa, preciso mencionar que li aqui mesmo no LinkedIn, uma série de comentários que se referiam ao movimento como “frescura” ou “mimimi.” Li coisas do tipo “por que não colocam logo no olho da rua para ver se eles não aprendem?” etc.

Isso aumentou minhas dúvidas quanto a sensibilidade do meio corporativo em relação às diferenças geracionais.

Assim, como as tendências apontam para um futuro do trabalho intergeracional, fiquei preocupada, pois há muito a ser feito para preparar as corporações para esse futuro.

Combater o etarismo é assegurar que todas as gerações tenham as mesmas oportunidades

No momento atual temos quatro gerações dividindo o mercado e podemos observar que há seniores com dificuldade para entender as diferenças comportamentais dos mais jovens.

Da mesma forma, não percebem que diminuir esse abismo relacional é parte fundamental da luta contra o etarismo.

Para que isso aconteça, o primeiro passo é nos conscientizarmos do quanto, nós, os mais velhos, somos preconceituosos e rotulamos os mais jovens. 

Além disso, é preciso ter em mente que combater o etarismo no trabalho, não se trata de dar preferência aos mais velhos em relação aos mais jovens.

Mas dar às diferentes gerações a possibilidade de coexistência justa e produtiva, com ganhos para todos em ambientes heterogêneos e inclusivos, que são comprovadamente mais inovadores.

Portanto, para combater o etarismo, é fundamental que estejamos abertos para ouvir, respeitar e acolher as gerações mais jovens, além de aceitarmos que podemos aprender muito com elas.

Assim, poderemos construir pontes entre as gerações no mundo corporativo com responsabilidade e afeto, componente que não podemos mais desconsiderar se quisermos ter ambientes de trabalho mais saudáveis e seguros.

O papel da liderança 

Muitas vezes esse comportamento não é dissimulado, mas ele acontece involuntariamente.

Já ouvi muitos relatos de pessoas que contam que não deram além do básico, porque não conseguiam se esforçar, pois sentiam que não valia a pena.

E o que leva a esse descontentamento com o trabalho?

Eu diria que a base está na falta de confiança, que se manifesta quando a pessoa não se sente à vontade para colocar seus sentimentos para sua chefia.

Afinal, ela já experimentou em várias esferas a inconsistência do comportamento da liderança e da empresa.

Assim, a relação com os colaboradores se deteriora e além da falta de confiança, haverá sentimentos como a falta de pertencimento e desvalorização, que culminam em desilusão.

Mas não podemos nos esquecer que hoje não há mais espaço para o conceito unilateral, que dita que o empregado tem que se virar para se adaptar a todas as situações. 

Portanto, acolhimento é fundamental, para que as pessoas tenham cada vez mais espaço para serem quem são integralmente. 

Para isso, é imprescindível a presença do líder humano, que se importa genuinamente com os membros de sua equipe, os procura para conversar, busca soluções em conjunto e se comunica com clareza.

Um recado sobre os ambientes de trabalho

Não tenho dúvidas de que quando as nossas necessidades mais básicas são ignoradas ou minimizadas, cria-se o ambiente perfeito para “demissões silenciosas”.

Dessa forma, acredito que esse comportamento foi motivado por um forte sentimento de desilusão coletiva relacionado a ambientes onde não há escuta, transparência e diálogo.

Esse movimento me soa como um recado para os seniores, especialmente os líderes, de que é preciso ter mais coragem para humanizar as relações no mundo do trabalho.

Por fim, tenho a sensação de que as coisas realmente não param de mudar, mas algumas como aprender pelo exemplo, não mudarão.

Portanto, para romper com esse ciclo de distanciamento geracional e promover um mundo sem etarismo, devemos dar o exemplo e nos abrirmos para confrontar nossos preconceitos, ouvir, acolher e aprender com respeito.

Pois, esteja preparado! O futuro do trabalho é intergeracional.

Até mais,

Ana Laura Freitas

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Ana Laura Freitas

Minha primeira graduação foi em Administração com ênfase em Comércio Exterior. Iniciei minha carreira trabalhando com exportação e um ano depois, eu estava atuando em finanças internacionais, numa grande empresa do cenário nacional.

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