Mulheres 50+: uma reflexão sobre como o assunto tem sido tratado nas redes sociais

As expectativas femininas inalcançáveis. Eu estou com preguiça do rumo que essa conversa sobre envelhecimento, tão necessária, diga-se de passagem, tomou. Eu tinha esperança de que fôssemos ter conversas abertas e maduras sobre o mercado bilionário que lucra com o sofrimento feminino- sofrimento sim- em relação ao envelhecimento.

Expectativas femininas

Um mercado perverso que nos tritura e nos faz querer remar contra a maré num movimento inglório para tentarmos enganar o tempo.

Eu tinha esperança de que eu iria ver mulheres encorajando mulheres a serem nuas e cruas. Pá! Durou pouco, muito pouco. O que eu vejo hoje é uma conversa rasa sobre uma sexualidade forçada em todos os sentidos. Expectativas femininas irreais. É muito mais que isso!
Mas ok, isso é bom pra vender maiô, cosméticos (amo, mea culpa), procedimentos e dietas. Sim, sempre as dietas.

Nessa conversa de que cada uma faz o que quiser com a sua vida (óbvio que concordo), sua cara e seu corpo é quase a totalidade que se uniformiza e se enquadra no velho padrão, porque ele até muda, mas desde a antiguidade ele está aí massacrando a gente, fazendo o que há de mais violento que é amputar a nossa originalidade.

Atualmente

A mulher com mais de 50 de 2022, atravessa um dos períodos mais críticos com que a história nos premiou. Encarando o “dilema” de deixar os cabelos brancos ou não, perseguindo insanamente o corpo de diva dos anos 70, cara de cuíca e obrigatoriamente um graveto. Expectativas femininas criadas, mas que dificilmente são alcançadas.

Ninguém percebe que o discurso “estou bem comigo mesma, plena com cinquenta e caqueirada, abre um parênteses para “mas dependente mais uma vez de parecer o que não sou” ? Tremenda contradição. O bruto disso tudo é que pouquíssimas têm a coragem de admitir que há o medo, cagaço mesmo, do ato final. 

Sim, depois de meio século de vida, a realidade arreganha os dentes e sabemos que a morte é real e certa e não tem nada pior que encarar o fato de que vamos virar pó de estrelinha. Então a gente se entretém com um monte de coisa que nos faz perder muito tempo e deixa de viver para poder parecer linda e jovem e “dotosa” e sexy e (pseudo) empoderada. Simplesmente para agradar a uma expectativa feminina.
Que preguiça! Agora há mais uma obrigação acrescida à lista infindável de obrigações: seja linda, gostosa, apetitosa, um foguete, um lança chamas na menopausa.

Nada mudou!

Sei lá, mas desconfio que teremos mais ilusões e frustrações na prateleira.
Nada mudou e pelo visto vai continuar na mesma.
Continuamos reduzidas ao corpo, à questões de sexualidade que na verdade passa pelo desespero de manter o “poder” de sedução à todo custo. Sim, porque “empoderamento” é a capacidade de se manter comível pós-menopausa.

A natureza tem suas leis imutáveis e desde que se tem registro da existência do ser humano nessa terra, vivemos ciclos e quer queira quer não, envelhecemos e morremos. Meu corpo se debilita independente do quanto de musculação eu fizer. Eu faço e eu aprendi a amar em primeiríssimo lugar, porque me ajuda a dormir melhor, mas não me fará imortal.

É preciso reconhecer que nossas angústias mais vorazes são alimentadas pelo pavor que temos de morrer e é doido pensar que o que mais nos apavora é a única certeza que existe.
E assim perdemos tempo e nem sacamos o quanto ele é precioso!
E tem mais, viu? Enquanto reduzirmos nosso poder ao nosso corpo vai ser difícil envelhecer e usarmos o poder gigantesco e infame que carregamos em nós. Uma pena…

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mulheres nos seus 50 anos

Ana Laura Freitas

Minha primeira graduação foi em Administração com ênfase em Comércio Exterior. Iniciei minha carreira trabalhando com exportação e um ano depois, eu estava atuando em finanças internacionais, numa grande empresa do cenário nacional.

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